Terreninho no céu do sl

TERRENINHO NO CÉU DO SL

Quem gritou pelos bares
Que amava (e amar dói)
Nos livrou do bom senso
Nos salvou do juízo
É um herói
                                 (Oswaldo Montenegro- Herói.)

Eu li outro dia no Facebook um post onde a pessoa dizia que queria fazer o seu trabalho na RL com tanto prazer quanto fazia na SL para não ganhar nada, e imediatamente parei o que fazia, e comecei a tentar entender esse fenômeno que atinge tantos seres avatarizados. Tinha acabado de sair destas tentativas de evento com intuito de ajudar residentes (que no fundo a maioria não quer ajuda) onde nossa pequena equipe faz das tripas coração para organizar e sai do nada e acaba em lugar nenhum, porém, todos com humor em alta, enxergam sucessos e já começam perdendo uma hora de sono no planejamento do próximo evento. Por isso a frase da menina me chamou atenção.

Existe no SL uma legião de pessoas que se doam de verdade, não fazem querendo mérito, lucro, fama e muito menos voto. Dedicam tempo, talento, dinheiro, olhos, disposição, energia elétrica e a paciência da família RL em torno de buscar dar confortos virtuais para os outros, e com um prazer imenso, com perseverança, com tesão. Porque fazem isso? Olha, não sei, apenas tenho certeza que não é para ganhar um terreninho no Céu Virtual do SL ou reconhecimento da Linden. Sei sim é que ganham muita crítica, dor de cabeça, desconfiança e principalmente muitos adjetivos por parte dos corneteiros de plantão, que expelem sua inveja e incapacidade chamando-os de metidos, panelinha e outras idiotices. Nossa, não sei de onde mina tanto corneteiro no SL!

Acontece que esses imbecis esquecem que o nosso avatar é nossa extensão e que assim como esse residente tira parte do que tem de melhor para se doar aos outros eles também retiram parte do seu melhor para criticar ou aporrinhar quem está produzindo algo. Se cornetear ou aporrinhar é o melhor deles, deviam procurar um bom psicólogo na RL (ou direto uma camisa de força), mas meu assunto não é falar dos espíritos de porco e sim destes espíritos do bem.

Quando nos tornamos Secondlifeanos, entramos com 99% Real e 1% Virtual, pensando primeiro se tratar de um jogo, de um passatempo tipo tetris, que ajudará a passar nossos momentos de cansaço ou melancolia. À medida que você vai se familiarizando com o software você começa também a interagir com outros ex-entediados e após a fase noobística (existe isso?) você já esta com um índice 70% Real e 30% Virtual. Daí pra frente fica mais esquisito analisar, porque vários motivos RL podem afetar, mexendo nesse índice de forma negativa. Prestem atenção que eu disse “motivos RL”. Isso porque a meu ver o SL não leva ninguém a se fanatizar e sim o RL que força a pessoa a se esconder no mundo virtual.

Na medida em que a pessoa vai interagindo de forma saudável no SL, ela começa a amadurecer como ser virtual, num processo idêntico ao amadurecimento natural humano e após sua adolescência secondilifeana cheia de bolinhas, milhares de TPs e alguns romances trágicos ela atinge a maturidade, onde além de diminuir as medidas do seu avatar e deletar as calças de listinhas e babylooks modelo ‘mamãe quero ser gostosa’ escritas ‘I LOVE SL’, o sentimento de se tornar produtivo passa a ser uma necessidade natural, e ai existe uma das possíveis explicações para nosso ‘fenômeno’.

Na RL vivemos a pressão do ganhar, do se sustentar, do prover e isso influencia o destino da pessoa de cabo a rabo, fazendo com que ela abra mãos de produzir com amor, prazer, generosidade, uma vez que ela precisa antes de tudo transformar seu produzir em cifrão, ganhar dinheiro. As pessoas acabam por manter dentro de si adormecido aquele sonho de produzir, de ajudar, de servir ao semelhante sem ter que olhar o extrato bancário e quando vêm para o SL acham uma nova oportunidade, uma segunda chance. Acorda correndo aquele sonhador dentro de si e começa a expressar seu sonho de fazer coisas com amor, com beleza, com felicidade, com altruísmo, com a expressão de sua natureza verdadeira, sem a pressão que o bolso exerce.

Vejo muita gente assim, ajudando novato, dando aula, indicando passeios, gerenciando grupos, ensinando RPG, indicando freebies, fazendo ilhas lindas, administrando blogs, fazendo revistas virtuais, ou seja, ralando mesmo (a maioria pagando do seu bolso para sustentar isso) sem nenhuma espécie de retorno além do carinho e do reconhecimento de alguns. Olha pessoal, eu falo porque vejo essas pessoas diariamente no SL, e são pessoas comuns que tem marido, esposa, pai, mãe, filhos, casa, cachorro, carnê, transito, violência, time de futebol, raiva de politico etc... e mesmo assim, não abrem mão do sonho, não abrem mão de querer marcar positivamente a vida de alguém, mesmo que virtualmente.

Meia dúzia de Ebós devem estar dizendo: _ah Honny, mas tem fulano, tem ciclana, que faz isso, que faz aquilo, que é assim, que é assado... Pois é. Primeiro: em todas as áreas tem gente que se perde, que surta, que sai da casinha.  Quem não tiver um vizinho louco ou esquisito pode parar de ler à crônica. Porque só no mundo Virtual, entre os que querem ajudar não poderia existir? Segundo: às vezes queremos ser ajudado do nosso jeito, como se o SL devesse se adaptar a mim para que eu aceite ser ajudado. Já vi muito disso, e vivo me surpreendendo com a capacidade que as pessoas têm de ser egocêntricas. Terceiro: avalie se você amadureceu RL e SL antes de criticar quem tenta fazer alguma coisa. Se você ainda loga carregando um caminhão de ideias mortas e acha que por ser um mundo virtual elas podem feder lá dentro, você está enganado. Ao contrario, num novo mundo cabe os sonhos não os pesadelos. Deixe seus defuntos fedendo no RL, ok. E por quarto e ultimo: vai julgar a @%$#^@YY#(*YJ!Y(*^G^%$$#@*)!).

Parabéns a vocês que tentam manifestar o amor no mundo virtual, através da ajuda, do ensino, da beleza, da informação, sempre primando por dar o melhor de si no que oferece. Espero que vocês ganhem um terreno no céu, num “Céu de Torley*” cheio de efeitos especiais, que é o mínimo que vocês merecem!

Paz e Bem a Todos J

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