Rapidinha de Carnaval

                QUE TAL UMA RAPIDINHA DE CARNAVAL?

       Nós, seres secondlifeanos, passamos o ano todo sendo corneteados pelos outros porque temos um personagem virtual fictício que reflete, realça e até mesmo revigora nossas fantasias. Ainda bem que existe sempre uma válvula de escape para essa tensão pré-virtual que todos nos impõe, existe sempre um momento em que o Real descamba para o Virtual. Falo nisso porque esta chegando a mais avatárica das datas!! Que Valentine’s Day nada! Estou falando do Carnaval! Ora pessoal, se vocês não conseguem ver a relação entre SL e Carnaval ou estão com um Second Life ruim ou estão doentes do pé!

        A grande maravilha de ter nosso amigo avatar é a possibilidade de estarmos com uma fantasia pronta e a qualquer momento logar, deixando a realidade em ‘stand by’ e vivendo dentro da imaginação uma vida diferente. Sei que tem gente que ta lendo isso e torcendo o nariz, mas a verdade é essa. Essa historia de “eu curto o jogo”, “eu quero é ganhar dinheiro”, “eu só entro para trabalhar” não passa de desculpas esfarrapadas que alguns dão a si mesmo para driblar a consciência e se esbaldar nos mundos virtuais.

        Bom, quando se consegue escapar desse Policial RL que insiste em nos domar e por cabresto em todas maluquices esquisitas que guardamos em nós, tudo passa a ser válido, até o uso de desculpas ou pequenas mentiras. Como diz Montenegro “quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em você”. Então façamos qualquer coisa pra fingir que amadurecemos e viramos “adultos” cheios de conceitos, preconceitos e responsabilidades enquanto morrendo de rir fica nosso maluquinho interno.
       Mas aí vem o carnaval, e como um indulto de cadeia permite que todos abram as portas do seu autopinel e soltem as frangas e outros bichos que ficam escondidinhos o ano inteiro. Aí está a relação SL e Carnaval. As pessoas viram avatares ambulantes, felizes, lindos e fora da casinha. Naquele momento nada deve ser levado a sério (com exceção o ato de dirigir bebum, pois RL não tem limpar cache e relogar). O sujeito pode ser feio, bonito, branco, negro, amarelo, verde, cristão, vampiro, tuttifrutti, nada importa só a anarquia contra a ditadura do normal.

         Promessas de ‘paixões fevereiras’ que nós, enquanto avatares, vivemos o ano inteiro dentro do mundo virtual, passam a ser aceitas e altamente recomendas durante os dias de folia, onde os ‘normais’ não avatáricos dizem extravasar o stress do ano inteiro, e pelo menos nesses dias, não nos enchem o saco por carnavaliarmos o ano todo dentro do computador.

       Ao longo do ano achamos incompreensível como todo mundo gosta de analisar nossa vida, ou seja, estar de bem ou de mal com a vida acaba sendo importante para todos em volta de quem habita o SL L. Olha gente, eu sei que a maioria tem o mesmo problema. As pessoas em nossa volta vivem buscando um motivo para demonstrar que o SL está mexendo com a nossa cabeça. Se você acordou azedo, escorregou no tapete do banheiro, acabou a pasta de dentes, acabou a água no meio do banho, trancou o dedo na porta do guarda roupa, o cachorro mordeu suas sandálias, o café está amargo e muito quente, o carro com o pneu furado e alguém te dá bom dia e você responde _ quem dera? Pronto, uma enxurrada de críticas caem na sua cabeça e sempre com uma pontada do tipo:  “_é esse boneco que mexeu com a cabeça dele(a)!”

      Pois então é a hora de prestar atenção neles também... (e sua vingança será “maligna”). No carnaval você descobre como todos seriam se fossem avatares. Exemplo: sabe aquela tia porre que fala mal porque o cabelo da sua avatar é liso e o seu é ruim? Quando ela chegar com aquela fantasia apertada, meia calça furada, pintura borrada e cheia de pena quebrada, parecendo papagaio de piada, fotografe e use de papel de parede no PC quando ela chegar pra visitar.

       E aquele chato do seu irmão que fica te olhando como se você fosse um nerd do mal toda vez que vê carregar o viewer. Deixa a câmera preparada e filma ele chegar babando com a camiseta do time rival e trocando Jesus por Genésio. Use como ameaça colocar no youtube. Ele com certeza seria um daqueles noobies que ficam falando abobrinha no voice das ilhas.  O vizinho machão vestido de ninfeta, o colega de serviço mijando na rua, o marido ou a esposa que te acha meio louco por gostar de se expressar virtualmente... essa é a hora da verdade! Aguarde que ele(a) começe a soltar aqueles gritos irritantes igual gesture de festa e pergunte sério: _entao, não é bom estar fora da Real Life de vez em quando?

        O que quero dizer é que muita gente pensa que somos seres virtualitizados, que passamos a achar que vivemos no computador. Claro que tem casos assim, mas a maioria de nós só não consegue ser “de bem com a vida no Real”. Eu me dou muito melhor com meus amigos virtuais que com os reais. No virtual eu danço , rio, brinco, ajudo, enquanto no real parece que vivo como radio sem sintonia. O carnaval equipara tudo, tipo, por alguns momentos todos viram personagens imaginários dentro do real e experimentam ser “bonecos” deles mesmos, e acham muito bom.

      Ser avatar é para aquelas pessoas que a imaginação não cabe no real e que mesmo assim elas não querem passar a vida sem deixar marcas. As coisas que eu nunca faria por estar deslocado na RL o Honny me proporciona fazer no SL, sem incomodar, atrapalhar, julgar, cobrar a ninguém. Carnaval para nós é apenas quatro dias a mais no ano, pois a imaginação  e a semi-loucura nos acompanha o ano todo, tirando nossas neuras aos poucos, sem o tratamento de choque que o carnaval significa para a maioria. Nós somos foliões de ano inteiro, sem a mínima necessidade de marchinhas ou bebidas para que nossa imaginação se manifeste, para sermos “escravos da alegria, pois se o amor é fantasia, nos estamos atualmente em pleno carnaval” Como dizia Vinicius.
                                             Paz e Bem a Todos e perdoem a longa ausência...

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